Um ano antes, dona de Casas Bahia e Ponto frio lucrara R$ 356 milhões
SÃO PAULO - A Via Varejo, dona das Casas Bahia e do Pontofrio, registrou prejuízo líquido de R$ 177 milhões no quarto trimestre de 2015, ante lucro líquido de R$ 356 milhões no mesmo período do ano anterior, informou a empresa na madrugada desta quarta-feira.
A companhia atribuiu o resultado negativo à piora na linha de equivalência patrimonial, menor diluição de despesas fixas, maior despesa financeira e despesas com reestruturação.
A varejista de móveis e eletroeletrônicos teve Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 125 milhões, queda de 83,8% na mesma base de comparação.
A receita líquida caiu 14,7%, para R$ 5,46 bilhões. No conceito "mesmas lojas", houve redução de 15,2%.
"Para os próximos trimestres, a Via Varejo continuará com o foco na excelência operacional, aumentando a produtividade atual das lojas, reduzindo o custo de distribuição e reforçando a estratégia comercial, o que deixará a companhia ainda melhor preparada para recuperar as vendas e aumentar os ganhos de market share", disse a companhia em seu balanço trimestral.
A rede de lojas de eletrodomésticos e móveis tem preocupação de demonstrar solidez financeira e por isso vai se concentrar em 2016 em proteger seu caixa diante de um ano em que o setor espera queda de vendas de até dois dígitos, afirmaram executivos da companhia nesta quarta-feira.
A companhia vai seguir trabalhando em iniciativas de ganho de eficiência e redução de custos logísticos para conseguir bancar manutenção em política de agressividade de preços, afirmou o presidente Peter Estermann, durante teleconferência com analistas.
PRESSÃO NO CURTO PRAZO
Analistas do Credit Suisse consideraram o resultado fraco, mas destacaram positivamente a geração de caixa no período e reiteraram a visão de que as ações da varejista têm valor, embora devam seguir sob pressão no curto prazo. Eles estimam que a empresa deve mostrar algum crescimento de receita no segundo trimestre de 2016 que pode ser um trigger para as ações, conforme nota a clientes.
A companhia terminou 2015 com caixa líquido de R$ 2,3 bilhões, um crescimento de R$ 1,6 bilhão, e o diretor financeiro da rede varejista, Felipe Negrão, afirmou que a empresa não tem no radar no momento operações de fusão e aquisição.
— Considerando a atual perspectiva econômica nos próximos meses e anos, continuamos com foco em manter caixa e manter solidez financeira. É importante para o gestor e para fornecedores e para todo mundo mostrarmos isso — disse Negrão aos analistas.
Segundo Estermann, a Via Varejo não tem meta de fechamento de lojas este ano e vai trabalhar para melhorar performance daquelas que estejam apresentam desempenho abaixo do esperado.
— Vamos continuar sendo competitivos em preço, competitividade é importante (...) mas vamos preservar margens, trabalhando internamente para ajusta custos a essa realidade e abrir novas linhas de receitas — afirmou Estermann, citando que a empresa vai ofertar mais produtos financeiros como forma de ampliar receitas.
— Existe uma previsão de uma queda no mercado importante para 2016, e nossa estratégia é no mínimo estarmos alinhados com o mercado. Entendemos que temos oportunidade de ganhar participação de mercado — disse o executivo comentando expectativas do setor de varejo de queda nas vendas de até dois dígitos neste ano.
PROBLEMAS COM A CNOVA
Sobre os problemas vividos pela Cnova em centros de distribuição, a Via Varejo não espera impactos sobre suas operações, disse o presidente da companhia, citando auditorias internas realizadas pela empresa.
A Cnova identificou recentemente desvios de produtos em seus centros de distribuição no Brasil, o que fez suas receitas serem infladas em R$ 110 milhões até dezembro do ano passado. A Cnova é empresa de comércio eletrônico do grupo francês Casino e reúne sites de bandeiras como Casas Bahia e Ponto Frio, marcas da Via Varejo.